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27 agosto 2008

Reflexões olímpicas de um frango

Dia oito de agosto de 2008, às oito horas e oito minutos... que coisa mais brega! Foi o simbolismo mais idiota que eu vi, mas foi suficiente para a granja parar nesse dia. E quando eu falo em parar, eu não estou brincando. O granjeiro esqueceu até de dar comida pra gente, pode acreditar? COMIDA! Como ele se esquece da comida? Tudo bem que a festa de abertura estava até bonita, mas esquecer da gente já é demais...

Enquanto meu estômago roncava, reparei em uma coisa... por um acaso era a mesma pessoa que fazia todos os papéis na cerimônia? Sei lá, eu não consegui distinguir muito bem um chinês do outro. Todos são iguais... olhos puxados, pele amarela pálida que nunca tomou sol e cabelos pretos escorridos. E depois ainda falam que os frangos é que são todos iguais...

Fiquei tonto só de imaginar aquele monte de chineses com medalhas penduradas no pescoço, todos acenando... quase que sai correndo. Sério mesmo! Parecia clonagem, sei lá. São todos idênticos. E pensar que nem uma franguinha oriental bonita tinha... passei minhas noites em claro por nada.

Posso não ter dormido à noite, mas em compensação durante o dia... O problema é que meu relógio biológico ainda não voltou ao normal. Sabe aquela expressão que diz: “levantar com os frangos”? Esquece! Eu ia dormir todo dia junto com o sol nascendo e só acordava na hora de comer. Comia e dormia de novo...

E só voltava para a realidade quando ia começar mais uma madrugada olímpica. Como a granja é chique, tinha SporTV1, SporTV2, SporTV3, SporTV Premium e SporTV Mega-ultra-hiper-max-excelente. Aí eu podia ver todos os jogos... todos mesmo. Sabe aqueles esportes mais estranhos tipo “tiro deitado com carabina invertida acionada por uma cusparada a distância”? Pois é, esses eram os mais interessantes. Eu não sabia as regras e o narrador muito menos. Ficávamos eu, a televisão e o narrador... calados! Nem vi quando era decisão de medalhas. Já estava acontecendo o pódio quando eu reparei.

Mas valeu a pena trocar meus horários. Eu posso dizer que eu vi um tal de Michael Phelps competindo. Eu tenho medo dele. Parece mais um tubarão que uma pessoa. Como diria o grandioso Galvão Bueno (e eu repito, caso você não tenha entendido a ironia... grandioso Galvão Bueno): “Eu vi a história com H se escrevendo na minha frente”. Ainda bem! Se ele visse a história escrita com I ia ser estranho.

Outro esporte interessante que eu vi foi o tênis. Tá bom, tênis não é nem um pouco emocionante, mas o Rafael Nadal é simplesmente O cara. E as mulheres da ginástica artística? Que coisa impressionante. Mas o que eu mais gostei foi o futebol feminino. Não porque o Brasil levou um créu dos Estados Unidos na final, mas porque elas enfrentaram as norueguesas... ah, queria um time daqueles trabalhando aqui no galinheiro.

Nem sei para que eu citei o Brasil nessa história. Ganhou três medalhas de ouro? Bom para ele. Aliás, três medalhas inesperadas. Uma do menino nadador que eu não lembro o nome, que só ganhou o ouro porque o Phelps não competia nessa prova. Uma da Maurren Maggi no salto em distância (brilhante conquista individual, sem apoio nenhum do Brasil) e a outra foi com o amarelão time de vôlei feminino (finalmente!).

Ah, quer saber de uma coisa? Os últimos quinze dias foram bons. Não dormi direito, não fiz nada de útil, mas assisti às olimpíadas! Quer coisa melhor do que ficar a toa e ver televisão? Tudo bem que nosso país ficou atrás de Belarus no quadro de medalhas, mas como eu nem sei onde é Belarus, eu vou ficar quieto.

Agora eu tenho que voltar aos meus afazeres normais. Espero sinceramente que o granjeiro não tente me comer depois dessa quinzena a toa...

11 agosto 2008

Reflexões de uma véspera de Natal

Hoje é dia 24 de dezembro, véspera de Natal, está de noite, tudo escuro, todo mundo já está roncando e babando. Minha mãe me falou que era para deixar a janela aberta para o Papai Noel entrar no meu quarto e deixar o presente que eu pedi.
Já é quase meia noite e o Papai Noel até agora não apareceu... e por falar nele, eu acabo de lembrar que outro dia mesmo eu descobri que eu não me simpatizo muito bem com o Papai Noel. Na verdade, desde quando eu tinha quatro anos e que a tia da escolinha me mostrou pela primeira vez uma foto do Papai Noel é que eu não fui com a cara dele.
A primeira coisa que eu notei no velhote com a qual eu impliquei muito foi aquela pança! Seu nome devia ser Papai Pança, ou Noel Pança, ou até mesmo Papai Pança Noel. Quanta barriga! Que exagero! Acho que o Papai Noel devia tomar vergonha na cara e fazer no mínimo uma caminhada de vez em quando, igual a minha mãe, que há três anos faz sua caminhada matinal para tentar emagrecer. Se bem que não, fazer caminhada não é a melhor opção. Minha mãe até hoje não consegue acabar com a barriga que ela carinhosamente chama de “pneu de bicicleta”. O caso do Papai Noel é mais grave, uma caminhadazinha não iria resolver. Talvez uma redução de estômago, uma greve de fome... o que não pode é continuar assim!
E aquela barba gigante amarelecida?! Podia aparar, podar, cortar... sei lá! Aquilo é muito estranho, parece uma taturana enorme e peluda, deve até ter piolho! Quando molhada então... deve ficar com um cheiro horrível.
Outra coisa que eu lembro que me chamou a atenção foi a roupa, toda vermelha, cheia de fru-fru nas mangas e colarinho, igual a um pufe gordo e vermelho. Que breguice! E ainda por cima é um forno. Será que custa muito trocar de roupa pelo menos quando vem ao Brasil?! Colocar uma bermuda, camiseta, umas havaianas. Parece aqueles caras que gostam de sofrer, masoquista.
Além de ser um “pufe vermelho” ambulante, ainda é pobre. Fica andando de carroça de um lado para o outro, dando voltas pelo mundo. Será que ele já ouviu falar de avião? Carro? Só lá na roça que eu vejo o pessoal andando de carroça, e mesmo assim são só os pobrezinhos pindaíbas. Ele podia pelo menos trocar aquela carroça por outra melhor. Ah, claro, podia também trocar os cavalos (são cavalos? Que sejam!) por uns menos esquisitos, menos chifrudos e menos afeminados. Com tanta miséria, eu chego até a desconfiar da origem daqueles presentes... camelô?
Eu também fico pensando se o Papai Noel é tão bonzinho assim quanto dizem. Já reparei que ele escolhe as crianças que irá felicitar com seus presentes de origem duvidosa. Nunca fiquei sabendo de nenhum menino de morro ou da roça que já ganhou um presentinho sequer dele. O Pedrinho, um menino que mora lá na Favela do Cafezal, me contou uma vez que até cartinha já mandou para o Papai Noel... nem sombra de resposta ele recebeu.
Além de tudo, o velho apresenta alguns indícios de autismo. Nunca fiquei sabendo de nenhum amigo dele, colega, família. O que eu sei é que ele vive com os anões – que inclusive ouvi dizer que são cegos, surdos, mudos e mongolóides – e com os supostos cavalos chifrudo-afeminados. Sei não heim, ele e esses cavalos...
Enfim, em meio a tanta gordura, tanta pobreza, tanta breguice e tanta maldade, esse tal de Papai Noel podia aposentar, passar o cargo para uma pessoa menos problemática e tratar de entrar em uma clínica de recuperação.
Esse texto é de uma amiga minha, Juliana rocha. Como prometido, seu texto tá aqui Ju