Todo final de ano é a mesma coisa. A família inteira resolve aparecer aqui em casa, todo mundo se reúne de baixo de uma árvore e comemoram o Natal. E, menos de uma semana depois, todo mundo aparece de novo para soltar fogos e celebrara a entrada do próximo ano... que chatice!
Eu admito que eu era um dos primeiros a correr para arrumar a mesa para a ceia, um dos primeiros a correr até o pinheiro para receber. Mas esse ano está tudo muito estranho. Aliás, eu estou estranho. Sem clima para festas, se é que alguém me entende.
Os parentes estão todos lá fora, assando um churrasco, esperando ansiosamente a chegada da meia noite para, juntos, celebrarem uma nova era... falsidade. Eles se abraçam e desejam os “mais sinceros” votos de paz e felicidade.
E isso tudo com a simples esperança de que a mudança de um dia para o outro possa alterar suas vidas. “Tudo vai ser diferente nesse ano que está chegando”, dizem eles. Até parece! Um dia depois, todos vão voltar para suas rotinas medíocres, para as suas vidinhas sem graça, repletas de promessas de fim de ano que nunca serão cumpridas. “Vou emagrecer”. “Vou começar a malhar”. “Vou arrumar um bom partido”... hipocrisia pura.
Prefiro me isolar em meu quarto. Não há como compactuar com tamanha felicidade sem sentido. Não consigo sorrir, por exemplo, para minha prima que, há apenas dois meses, divorciou-se do marido só porque ele perdeu o emprego. Não consigo sorrir para aquele tio que espancou meu primo porque estava bêbado. E estão todos festejando, como se nada tivesse acontecido.
Em que vez de ficar comendo carne, todos deviam parar e refletir sobre o ano que passou. No que fizeram. Na imagem que passaram. Nas pessoas que magoaram. Naqueles em que pisaram para atingir seus objetivos fúteis e egoístas. Não, eu não fui nenhum santo no ano que está acabando. Matei, menti, destruí amizades e sonhos... e acabei com minha vida!
E é por isso que eu estou aqui refletindo. Se a famosa lista dos bonzinhos existisse, tenho certeza que eu não receberia presentes. Talvez esse tenha sido o pior ano de todos, o pior! Desgraças em série, escolhas erradas, falsas amizades e pessoas querendo passar a perna em outras.
Matei... por vingança. Ele tirou a vida da garota que eu amava. Sem explicações. Quatro tiros na cabeça... fiz o mesmo com ele.
Menti. Menti para livrar a minha cara das garras da polícia, que estava atrás de mim por esse crime.
Destruí amizades. Entreguei mus amigos em meu lugar. Era a coisa mais fácil a ser feita. A história foi meticulosamente ensaiada. Havia um papel de honra para todos eles. Foram presos, torturados e mortos na prisão.
Destruí sonhos. Muitas famílias vão passar o pior final de ano de suas vidas por minha causa. Não vou dizer que fiz tudo sem pensar porque seria a maior mentira de uma série de muitas. Pensei, calculei cada passo que eu ia dar. Nunca andei com uma venda. Estava tudo arranjado.
Não pense que não me arrependo! É por isso que estou aqui. Escrevendo para desabafar sobre as atrocidades que eu cometi. Sentindo o maior peso no coração que eu jamais senti. Meus sentimentos giram e colidem dentro da minha cabeça...
Eu simplesmente não vou mais agüentar. Esta carta é destinada para aquele parente festeiro que, por um acaso qualquer, entre nesse quarto e encontre meu corpo. Quero que saiba que essa coisa que jaz estática no chão é um homem fraco, que não soube enfrentar seus problemas e, no fim, resolveu optar pelo caminho mais simples...
Enquanto isso, eu fico aqui sentado. Sentado, olhando para o frasco de veneno que vai me levar para longe daqui. Para longe desse mundo..
Desculpem por tudo!
9 comentários:
O primeiro texto que eu estou colocando aqui é um desabafo de fim de ano... é inédito até para os meus amigos, então... resta apenas o meu desejo de que tenham gostado do que leram!
ADOOORO!
Primeiro a comentar, hein?
Bruno, continue escrevendo. Sempre gosto de seus textos e, como não podia deixar de ser, adorei esse também! Além de ótimo escritor, você também consegue ser um ótimo ator, afinal de contas conseguiu me convencer do sofrimento do "eu-lírico", hehe...
Parabéns pelo blog! Mantenha-o sempre atualizado!
Abraços!
uhuhuhuhuh
nossa nin, vc ama iscrever textos tragicos ein??
i esse ficou otimo viu, mto doido i reflexivo, pra dexa a galera pensando...
mais sinceramente eu num fikei com dó do cara naum leo, bem feito, no final ele era igual a todos ¬¬'
XD
naum demore a postar mais textos viu nín lindo fofo q eu amoooo!!
apruveita q tamo d ferias i temos tempo d ler... XD
bjim!!
Brunín! Muito doido, véi. Ow, continue assim q vc vai looooonge... Estou torcendo por vc! Escritores unidos jamais serão vencidos! Hauhauhauahuah.
Abração!
Muito legal o seu texto...
trágico...mas faz sentido!
Vou vir aqui sempre!
Bjo
Brunin...
Adorei o texto!!! Eu tenho orgulho de falar que eu sou sua amiga!!! Ótimo!
Como o Léo falou, continue escrevendo sempre! Atualizando o seu blog para que todos nós tenhamos o prazer de nos entretermos com essa leitura jovem e ao mesmo tempo madura!!!
Parabéns!!!
Beijo!!! saudades...
Santaninha!!!
O primeiro livro autografado será meu, ok?!
Pedi primeiro!!
Mto bom o texto, Brunin, sério msm!
Tow doida p/ ler mais!!
nín vc é mto fofo!! sabia q eu te amoo??
o texto do frango é realment uma comedia!! XD
aiai...
i eu istou sempre aki, corretora oficial das digitadas rapidas q sempre saem c uns errinhos kkkkk =P
isotu ansiosa pelo proximo texto!! i qro so ver a minha dedicatoria nakele meu texto preferido!! =] ^^
d novo, te amooo!!
bjim
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