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31 dezembro 2008

Frangospectiva 2008 - Parte II

O último respirar de um 2008. Nossa, que poético... acho que ano que vem vou começar a fazer poesias! Brincadeira, odeio poesias! Prefiro uma boa história... contada por Machado de Assis ou por Guimarães Rosa. Acho que os dois completaram 100 anos de alguma coisa esse ano, mas deixa prá lá.

Outras coisas que também fizeram aniversário esse ano foram a vinda da família Real portuguesa, a imigração japonesa (centenário) e os quarenta anos de 1968. Tá, por mim que queimem todos os livros de história, não me importo nem um pouco se a Família Real veio ou não pro Brasil. O que mais me preocupa hoje é que roupa eu vou usar de noite!

Uma virada que se preze tem que ter a roupa da cor certa. Sabe aquele monte de superstições idiotas que a gente continua fazendo todo ano? Eu vou fazer todas... não quero arriscar ter que repetir 2008. Mas se bem que aconteceram algumas coisas legais esse ano.

A eleição do Barack OBrahma. O mundo se encheu de esperança e tal. Vamos ver se resolve. Pelo menos ele vai ser melhor que o Bush-sapatada-na-cara (se bem que qualquer coisa é melhor que ele). E o OBrahma ainda vai ter que enfrentar uma crise mundial que estourou esse ano. Estão falando que ela é pior que a de 1929. O Lula disse que o Brasil está seguro por enquanto, vou fingir que acredito nele e continuar vivendo minha vidinha de frango quieto...

Eu falei no Barack e acabei lembrando do Hamilton. Vai ver porque eles são levemente parecidos, sei lá. Tudo bem que ele é um piloto excelente, mas aquele filho da puta tinha que ganhar o título do Massa na última curva e, ainda por cima, dentro de Interlagos! Odeio ele... fato!

Mas eu tirei uma lição de 2008! Não seguir os exemplos de titia Amy. A despirocada da vez está cada vez pior. Eu aposto todas as minhas fichas que ela morre ano que vem. E isso nem é pessimismo, eu gosto dela, mas do jeito que ela anda se comportando vai ser difícil. Ela devia fazer igual a Britney e dar a volta por cima e voltar bem gostosa. Nossa, já tô imaginando a Brit cantando pra mim: “Chickenizer, chickenizer...”!

Deixa eu voltar pra realidade... onde eu parei? É, na crise dos alimentos. Essa foi a pior parte de 2008. Como o milho era a única coisa que o granjeiro conseguia comprar, ele deu aquela coisa amarela todo dia pra gente comer. Fiz greve de fome por quase um mês, comendo só os matinhos do chão.

 Isso foi bom porque eu emagreci bem, suficiente para não ter virado uma bola depois de ter comido tanto no natal... tá, esquece o natal! Voltemos à retrospectiva... Fidel renunciou ao poder esse ano também! Eu pensei que ele ia morrer lá, o que não ia demorar, na verdade.

E como que eu estava esquecendo o padre que tentou alcançar o céu com balões? Eu nem vou fazer piada porque isso já é piada pronta... ah, e da série bizarrices de 2008, Ronaldo Bola fez programa com travestis e veio para o Corinthians. Eu vejo uma relação entre os fatos, mas deixa pra lá.

E por falar em futebol, o São Paulo foi campeão. De novo. Isso tá começando a ficar chato. Eu nem tenho problemas com bambis, mas deviam deixar um time meia boca ganhar de vez em quando, pra dar emoção. Tipo o meu galo, que fez 100 anos, não ganhou nada, mas pelo menos não caiu pra segunda divisão.

Tá, cansei! Faltou falar muita coisa que aconteceu, mas o principal eu acho que falei. E que venha 2009. Na verdade eu estou contando os dias é pro aniversário do galinheiro. Dia 13, não se esqueçam! Quero presentes... =D

30 dezembro 2008

Frangospectiva 2008 - parte I

Ah, finalmente o ano está acabando. Tá, nem vou falar aquele clichê de que o ano passou muito rápido, de que eu não vi, porque seria uma tremenda mentira. Tive que agüentar tanta encheção de saco aqui no galinheiro que, na verdade, demorou demais pra acabar e já está indo tarde.

Tô sendo pessimista, eu sei! Mas pensa comigo, 2008 foi bem atípico. Um ano em que morre Dercy Gonçalves não pode ser típico. Coitada, ela era a prova ocular da evolução proposta por Darwin. Reza a lenda galinácea que Dercy acompanhou a evolução das aves e foi a primeira a ter uma criação de galinhas. Coitada, descanse em paz!

Outro fato importante foi o acelerador de partículas ter sido ligado. Eu pensei que o mundo ia acabar naquele dia... sério! Eu fiquei quietinho no poleiro, só esperando. Então falaram que o troço quebrou e eu dormi mais aliviado.

Só não consegui dormir melhor por causa dessa chuva infernal do final de ano. Ela praticamente alagou o galinheiro. Alguns lugares ficaram realmente debaixo d’água. E nem televisão dava pra ver, porque toda hora eles ficavam falando interminavelmente de algum dos casos de assassinato que aconteceram. Alguém ainda agüenta falar em Isabela Nardoni, Eloá ou João Roberto? Acho que 90% da programação desse ano foi por conta deles...

Mas pelo menos aconteceram as olimpíadas! Adoro esporte, seja ele qual for. E as olimpíadas foram fantásticas. O Brasil, confirmando sua fama de país tropical, voltou mais bronzeado que o normal, mas é só um detalhe. Já as paraolimpíadas foram um sucesso. O Brasil ficou lá na frente no quadro de medalhas e ninguém mostrou nada! Ainda bem que a internet existe...

E por falar em internet, eu lembrei que eu tenho que baixar o novo CD do Guns and Roses. Chinese Democracy finalmente saiu dos planos de Axl, depois de sei lá quantos milhões de eras geológicas. E a chatinha da Mallu Magalhães que resolveu sair do underground... e me vai e pega o Marcelo Camelo! Eca! Se fosse pra escolher um animal, que escolhesse o frango, ora bolas!

Mas a maior notícia de todas é que a Sandy não é mais virgem. Na verdade eu acho que ela ainda é, mas deixa pra lá! Agora eu fico me perguntando se ela vai entrar pra Família Lima (a banda, não a família mesmo) ou se ela vai preferir cair no esquecimento, já que o Júnior montou uma bandinha com bons músicos e músicas péssimas (tomara que não)...

Ah, quer saber de uma coisa? Amanhã eu volto pra terminar isso. Teve coisa demais em 2008 pra ser falada num dia só. Espero que o mundo não acabe até lá....

27 dezembro 2008

Pós-Natal de um frango

Adoro Natal. Principalmente quando ele é regado a muita comida e bebida. O problema é só a recuperação depois, mas isso é o de menos. Esse ano eu gastei só dois dias pra me recuperar, quase um recorde. Tudo bem que eu acho que engordei pelo menos um quilo e meio. Espero que o granjeiro não perceba e não me ache apetitoso. Morrer antes de 2009 não vai ser muito bom...

Mas a melhor parte de todas é comer os restos da ceia. Não é todo dia do ano que o galinheiro tem um cardápio tão variado. E, além de tudo, ainda tem o tradicional concurso culinário aqui! Tudo uma delícia... torta de grama ao molho madeira, pedaços empanados de minhocas, ramo de bananeira recheado com pasta de trigo... só de pensar nisso tudo já me dá água na boca!

Mas eu tenho que parar de gula. O projeto Verão Sarado 2009 começa a partir de hoje! Na verdade começou ontem, quando eu fiquei deitado o dia inteiro porque eu não conseguia levantar do poleiro. Maldita dor de barriga... nunca mais como dez taças de pudim de insetos. Passei o tempo todo gemendo de dor, indo ao banheiro de meia em meia hora. Maldito pudim...

Mais uma coisa pra deixar como lembrete pro ano que vem: não me render às tentações dos doces. Isso é sério... vai que eu fico diabético e nem sei porque. Tá, na verdade eu vou saber, mas vai dar na mesma.

O único problema é que o natal aqui foi chuvoso. E, além de ficar enrolado debaixo das cobertas, tem outra coisa muito boa pra se fazer em dias de chuva. Comer! E com tanta comida sobrando, existe alguém nesse mundo que resiste? Eu não conheço ninguém...

Ah, quer saber de uma coisa, esquece o projeto Verão Sarado... vou ali comer mais um pedaço de pudim e mais tarde eu volto, isso se a dor de barriga não voltar!

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Valeu galera do cogumelo louco por ter publicado a carta aí no blog!! O frango agradece!

23 dezembro 2008

Carta de um frango pro Papai Noel

Querido Papai Noel,

 

Tudo bem, eu sei que eu estou sendo falso. Eu não acredito que você existe desde que eu era um pintinho, mas vamos fazer um acordo: eu finjo que você é real e passo a acreditar realmente em você depois que eu ganhar meu presente. Sei que também está bem em cima da hora, mas vão ser pedidos simples... Combinado? Foda-se também se não estiver, não custa nada tentar.

Como nunca escrevi nada pro senhor... calma aí, pode te chamar de você ou Noel? Senhor é muito formal pro meu gosto... como eu ia dizendo, eu nunca escrevi nada pra você. Aí eu resolvi procurar no Google como fazer isso. Geralmente as criancinhas começam falando que foram boazinhas o ano inteiro...

Não vou mentir, afinal, se você é quem dizem que é, não vai adiantar. Eu admito que fui um frango mau o ano inteiro. Dos sete pecados, não devo ter cometido apenas um. Deixa eu pensar... vaidade, ira, preguiça, luxúria. É, acho que cometi todos em excesso. Mas já que o clima natalino está invadindo a gente, vamos esquecer isso e partir logo pra parte dos presentes.

A primeira coisa que eu quero é o telefone daquela franga do poleiro de cima. Ah, quer saber de uma coisa, eu quero é a franga embrulhada pra presente. Tem como? Você sabe muito bem que eu sou um frango e nunca a conseguiria por métodos próprios. Quem sabe uma ajudinha mística vem a calhar...

E depois eu quero que você faça um cozido com a galinha gorda com celulite. Ela me encheu o saco o ano todo, e agora que eu tenho oportunidade de pedir algo pra alguém superior quero que você se livre dela.

Eu já pedi demais? Não né, tenho só mais uns pedidos para fazer. Quero que o milho seja extinto da face da Terra, que a programação de domingo da televisão seja melhorada, que todos no mundo esqueçam que frangos são comestíveis e que a Fórmula 1 passe a ocorrer todo sábado, domingo e feriado. Acho que é só isso...

Se você me der tudo que eu pedi, prometo que não falo mais que você está fora de forma, que suas renas são na verdade veados e que você devia cortar sua barba porque ela é muito feia e não combina com o clima do Brasil. Ah, e suas roupas são ultrapassadas... homem que é homem não usa fru-fru nas mangas e no colarinho.

Então tá tudo combinado... fico te esperando dia 25!

O Frango

20 dezembro 2008

Reflexões encharcadas de um frango

O que alguém pode fazer em um dia de chuva? A minha mais sincera opinião é que dias de chuva merecem ser passados debaixo de um cobertor quentinho, assistindo a um filme ao lado da galinha mais gostosa de todas.


Agora vamos voltar pra realidade, já que isso que eu falei é impossível. Desde que eu melhorei da gripe, aquele galo velho maluco tem me enchido de trabalho. Aposto que ele tá descontando o tempo que eu fiquei doente e não pude fazer nada. Ele que teve que ficar no meu lugar e aposto que ele tá muito nervoso por isso.


Aí ele resolveu “tirar férias” e me largou com todo o serviço. O tirar férias tá entre aspas porque daqui do alto do telhado dá pra enxergar ele lá no poleiro dele, enrolado na coberta. Que inveja...


Mas eu tenho que cantar pra acordar o galinheiro inteiro. Claro, esse povo apegado às tradições é outra história. Em que lugar do mundo o frango ainda tem que cantar assim que amanhece? E o pior... em que lugar o frango tem cantar debaixo de chuva?


Eu sei que a piadinha vai ser infame, mas eu tô igual a um pinto molhado. Se eu pegar gripe do frango de novo, eu juro que mando aquele galo desgraçado direto pra panela. Tô completamente encharcado e não tenho nem expectativa de sair daqui de cima. É sério que tô me sentindo em Santa Catarina, só que sem os alagamentos e as pessoas desabrigadas...


Tá, comparação infeliz. Mas até minha alma tá molhada. Eu tenho razão de estar estressado. E nem um guarda-chuva eu tenho. Tô ensopado e isso não é bom... calma, eu falei ensopado? Que coisa mais mórbida. Não consigo me imaginar ensopado, graças a Deus! Da última vez eu tava “de molho”, agora eu tô “ensopado”. Acho que isso é uma premonição, não pode ser.


Ah, quer saber de uma coisa? Quem tá na chuva é pra se molhar, já dizia alguém que eu não me lembro agora. O negócio é sentar aqui no telhado e ficar esperando. Quem sabe Noé passa daqui a pouco pra me resgatar...


P.S.: Eu escrevi este texto quando as chuvas estavam começando a cair aqui em Minas... foi meio engraçado que, logo depois disso, tudo começou a alagar por aqui também (inclusive minha faculdade o.O). Queria deixar aqui minha solidariedade às pessoas que perderam tudo. Embora eu não possa fazer muito, peço que, quem puder ajudar, colabore! Faça um Natal melhor para essas pessoas!

06 dezembro 2008

Reflexões enfermas de um frango

Odeio ficar doente... fato! Será que alguém nesse mundo gosta? Sei lá, só sei que ficar “descansando” no poleiro é um saco. Não tem nada pra fazer, não posso sair porque eu pego friagem, não posso colocar a pata no chão porque tá frio, não posso falar porque a garganta dói. Droga, odeio ficar aqui enclausurado!


É a mesma sensação de ficar preso numa gaiola. Tudo bem, nunca fui engaiolado, mas deve ser mais ou menos parecido com isso. Só que um pouco mais apertado. Pelo menos meu poleiro tem muito espaço. Dá pra andar de um lado pro outro enquanto continuo entediado.


E depois ainda vieram me falar que a gripe do frango estava terminada... que mentira! Quando disseram que ia virar pandemia todo mundo se preocupou, mas quando é um caso isolado no Brasil, ninguém se preocupa...


Claro, deixa o pobre frango sem valor morrer, isolado de tudo e de todos. Isso mesmo, me deixa de molho no poleiro. Epa, eu falei molho? Que palavra mais infeliz. Deixa eu tentar reformular a frase: me deixa de quarentena no poleiro. Tá, não melhorou muito. Quarentena é muito tempo, mas tudo é melhor que molho.


Mas o pior de tudo é ficar com o bico entupido. Aliás, é o bico que fica entupido ou é outro orifício especial para entrada de ar? Ah, tanto faz. O que importa é que isso tá entupido e me impedindo de respirar e falar direito. To falando muito engraçado. Trocando os Ps pelos Bs e com uma voz muito fanha. Nem cantar de manhã eu estou conseguindo.


Quem está fazendo isso por mim é aquele galo velho e caquético. O canto dele é muito irritante. Eu sei que o meu não é dos melhores, mas pelo menos melhor que ele eu consigo fazer. Mas eu tenho que pensar positivo, pelo menos as aulas com ele estão suspensas até eu melhorar... e olha que isso me faz querer ficar doente por muito tempo...


Mentira! Acho que nem com um estímulo desses eu ia querer continuar de molho. Droga, falei molho de novo. Espero que o granjeiro não me escute e queira me comer no almoço de domingo. Imaginem só virar um frango ao molho pardo? Eca, não gosto nem de pensar nisso...


Deviam mandar era aquela galinha gorda no meu lugar. Ela teve a audácia de me mandar um ramalhete de espigas de milho com um cartão de “meus mais sinceros votos de uma melhora rápida”. Argh! Que mau gosto! Eu já não tolero as indiretas que ela fica me dando e ainda por cima ela me dá milho?


Odeio milho com todas as forças desse mundo. Em vez de milho ele podia ter colocado na panela e me dado um baldão de pipoca. Não ia mudar em nada o meu conceito com relação a ela, mas pelo menos o presente ia ser útil.


Calma aí, tem alguém chegando pra me visitar. Deve ser encheção de saco. Vô fingir que to dormindo até seja lá quem ir embora. Que medo, o frango/galinha deixou alguma coisa pendurada no poleiro e está saindo. Não vou agüentar, tenho que ver quem está deixando isso...


Só dá pra ver a silhueta saindo da porta. Eu nunca ia deixar de reconhecer aquela parte de trás de uma galinha. Ah... a galinha gostosa do poleiro de cima! Pena que não poso sair daqui... ela não perde por esperar para ver o que vou fazer quando eu finalmente melhorar!


30 novembro 2008

O silêncio que precede o esporro...

Novembro passou e eu nem vi... fato! O galinheiro ficou uma zona. O mascote ainda não tá pronto, o layout idem. Mas eu tô de volta e só isso já é suficiente!

Valeu por quem andou visitando a bagaça quando tava sem atualização! Agora o frango se recuperou de uma grave doença que poderia contaminar o mundo inteiro, uma enxurrada de posts vão invadir esse blog em dezembro/janeiro (alguém acredita nisso? Pois é, nem eu)!!

Então esperem e confiram!!! Bom dezembro pra todos!

30 outubro 2008

Tempo de mudanças...

O Poleiro está em processo de mudança de layout...  em breve esse humilde frango que ora escreve (ficou estranha a frase... que ora escreve ou que ora e escreve?... deixa pra lá) vai começar a dar as caras por aqui!

Isso mesmo! um mascote! Mas por enquanto eu cansei do layout preto que dificultava a leitura e vô ficar com esse simplezinho mesmo.... branco até que se prove o contrário!

Em breve o layout estará pronto... enquanto isso, leia o texto abaixo e comente nele! É novo e está carente de comentários...

29 outubro 2008

Reflexões eleitorais de um frango

Interrompemos nossa programação normal para a exibição do horário eleitoral gratuito, de acordo com a lei Federal número...


Puta que pariu... de novo? Eu fiquei calado durante todo o período eleitoral pensando que tudo isso ia acabar rápido, mas agora não dá mais. Aquela maldita disputa pela prefeitura do galinheiro foi pro segundo turno. Vou ter que perder outro domingo para ir votar...

            

Mas o pior de tudo é o retorno da propaganda eleitoral. Tem muita gente que assiste como se fosse um programa humorístico. Nem pensando por esse ponto eu vejo. Prefiro assistir à novela dos mutantes da Record. E olha que eu também detesto aquela coisa. Foi a pior invenção da televisão brasileira... fato!

            

E aquele monte de papéis por todos os lados? Nem sei pra que precisa de tanto. O galinheiro é praticamente um ovo e não sei como surgiram tantos candidatos. Nem tem tanto galo/galinha assim para se candidatar. Acho que devia ter uma eleição com chapa única. Um candidato, nenhuma outra opção, muito mais fácil para votar e mais rápido para acabar.

           

E olha que tem apenas uma urna eletrônica aqui, mas nem precisa de mais que isso. Nem fila direito dá. Mas, sinceramente, eu nem sei pra que tem eleição. Sou a favor de uma ditadura. Mas não uma ditadura franguística e sim uma na qual o granjeiro domine tudo. Nem é tão difícil assim. A gente ia ter que viver sob as regras impostas por ele e, entre nós mesmos, manter algumas pequenas regras de convivência...

            

Quase uma anarquia... e ia poupar o meu domingo indo votar. Acho que essa chatice devia poder ser feita pela internet. Imagina só, você lá no meio de um monte de janelinhas de Orkut, MSN, plurk, facebook e coisas do gênero e é só digitar o nome do site, colocar seus dados e, com um clique, pronto! Voto computado! Nem precisa sair de casa!

            

Na verdade eu acho que o voto não devia era ser obrigatório. Muita gente que vota por votar não iria nem aparecer. Ia ser bem mais tranqüilo. Eu, por exemplo, nem perderia meu tempo indo lá na zona. Pensando bem, porque o lugar de votar se chama zona? Melhor nem pensar nisso...

            

Deixa eu voltar... eu não iria votar mesmo! Não que eu seja um alienado político. Não é isso! Mas só não acompanhei nenhum candidato e, no momento, não sei qual é o melhor. Por isso não vou dar meu voto de graça. Se eu votar em alguém, como vou poder cobrá-lo se eu nem souber o que ele prometeu?

            

Ah... deixa pra lá... eu estou enrolando demais e tenho que sair para “exercer meu papel de cidadão”. Sei que não é o melhor, mas vou lá votar em branco ou nulo... ainda não decidi meu “candidato” favorito.


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Pro povo de Bh: "Dá um joinha aí... é gente comentando em gente"

            

21 outubro 2008

Fuso-reflexões de um frango

Adoro morar em um país tropical. O clima é agradável, pode começar uma chuva a qualquer momento e as estações do ano são mal definidas. Mas o melhor mesmo é morar no Brasil. Não tem vulcão, furacão, terremotos devastadores, tsunamis, nada disso! Pensando bem, se o aquecimento global continuar afetando o planeta... ah, foda-se essa discussão. Deixa isso pro Greenpeace, eu tenho mais no que pensar...


Como, por exemplo, por que meu relógio cismou em adiantar uma hora desde a semana passada? No último domingo eu dormi uma hora a menos porque o maldito se adiantou e despertou antes da hora. Por mais que eu mudasse, todo dia era a mesma coisa. Odeio horário de verão. Já é o segundo ano consecutivo que meu relógio é enganado por ele...


Isso é que dá morar em um país tropical e pobre. Até nossos métodos de marcar hora são enganados por uma convençãozinha qualquer. Acho que é lerdeza, sei lá! Só sei que acordei uma hora mais cedo de novo e eu nem preciso falar que dia da semana é hoje... óbvio que é domingo, tudo acontece no domingo!!!


Se bobear, até a sexta-feira treze vai cair num domingo nesse semestre. Eles estão amaldiçoados... Fato! Vou mandar benzer meu calendário, fazer macumba e o escambau a quatro para ver se resolve alguma coisa. Pensando bem, será que o problema está no dia ou é comigo mesmo?


Deixa eu pensar... final de semana passado foi dia das crianças; no outro foi eleição; antes disso choveu granizo/granito, surgiu uma goteira no meu poleiro e eu tive que ir dormir com a gorda... é, tem mais de um mês que meus domingos estão zicados, isso sem contar as aulas com aquele velho caquético que nunca são interrompidas...


Meu Deus, eu preciso sair do galinheiro urgentemente, me divertir um pouco, distrair minha cabeça, pegar umas franguinhas... é, tem muito tempo que eu estou simplesmente seco. Nem exercer minha função de frango garanhão reprodutor da granja estou conseguindo! Eu quero uma franga agora...


E não me venha com aquela gorda com celulite de novo. A última vez que eu a vi foi durante a fatídica chuva e eu ainda tive que dormir com ela... eca! Mesmo se eu quisesse alguma coisa, acho que acabaria broxando.


O bom é que agora eu vou ter um ótimo pretexto para evitá-la. Vou poder falar que meu organismo ainda tem que se acostumar com o horário de verão e está funcionando com uma hora de atraso! Ótima desculpa, deve colar!


E eu adoro essas desculpas esfarrapadas... elas nunca funcionam, mas são muito legais! Será que se eu der uma usando como pano de fundo o horário de verão, a gostosa do poleiro de cima me deixa passar o resto do domingo no poleiro com ela? Quem sabe eu a convido para vir ao meu poleiro, tomar um vinho, assistir a um filme e me beijar por horas, não necessariamente nessa ordem...


Ah, que sonho... se eu não fosse tão frango faria isso agora! Mas pelo jeito vou passar meu domingo só no sonho mesmo...

14 outubro 2008

Relexões infantis de um frango

Ser um frango não tem vantagem nenhuma. Você já não é mais um pintinho e muito menos um galo. Ou seja, você é um mero nada. O pior é ver todas as datas comemorativas do ano passarem em branco. No dia dos pais eu não ganho nada porque ainda não tenho idade para isso; o dia das mães é impossibilitado pela biologia; dia dos namorados não dá certo porque sou um frango; dia dos avós, dia da secretária, emoday, dia do sexo... tudo passa sem comemoração quando se é um frango.


Mas o mais frustrante de todos é o dia das crianças. Sério! Eu tenho muita inveja daqueles pintinhos pulando alegres com seus brinquedinhos novos. E eu? Não ganhei nem um abraço, quem dera um presente. Quase deixei minha crista tampar o olho e virei emo. Tava completamente depressivo. E ainda por cima o feriado caiu num domingo. DO-MIN-GO!!!


Domingo é dia de ser feliz, sair do galinheiro, passear, assistir à Fórmula 1 de manhã, ver as galinhas gostosas andando sensualmente pelo mato... só que nada disso deu certo! A corrida foi de madrugada, acordei muito cedo por causa das intermináveis aulas daquele velho, não recebi nem um sorriso de “feliz dia das crianças”, fiquei mal-humorado o dia inteiro, não saí do poleiro e, conseqüentemente, não vi as galinhas gostosas...


Ou seja, um dia completamente perdido. E eu odeio perder domingos à toa. Fico mal a semana inteira. Aliás, é mal ou mau? Deixa para lá, depois olho no dicionário... o que me deixou mais mal(u) foi ver aqueles pintinhos excitados, correndo e pulando de um lado para o outro, comendo doces a vontade, fazendo o que queriam, pelo menos por um dia inteiro. É inveja mesmo, eu já admiti antes e volto a falar (e vou fazer em caixa alta para deixar bem claro): INVEJA!!!


Só espero que o natal chegue rápido. Pelo menos é uma data universal, na qual todos ganham alguma coisa. Só espero que eu não me decepcione... de novo!

27 setembro 2008

Reflexões estressadas de um frango

Eu simplesmente não consigo agüentar. Aquele galo velho anda me enchendo muito o saco. Será que ele não pode simplesmente sumir da minha vida? Pelo menos eu acho que o treinamento está terminando. Não agüento mais ter lições do estilo “Como cantar no tom e na hora correta”, “métodos de equilíbrio em poleiros” e “Como prevenir pintinhos”. Que tédio!


Mas as aulas estão até toleráveis perto do evento da semana: o retorno triunfal da gorda com celulite. Pensei que ela tinha sido comida, mas pelo jeito não foi. Acho que até o granjeiro ficou com nojo dela. Fato é que ela simplesmente apareceu do nada hoje de manhã e veio puxando assunto comigo. No mínimo ela ainda está achando que eu sou a fim dela... inferno! Eu devo ter pregado chicletinho na cruz para ter que agüentar uma galinha tão feia!


E olha que eu nem ligo muito para as aparências. Ela pode ser gorda, ser cheia de celulite, ter umas rugas em lugares que eu nem imaginei que pudessem existir rugas, mas, somando-se a isso tudo, ela é muito insuportável. E eu sou o único frango da granja em idade para tentar algo com as franguinhas. Então sobra para quem? Para quem?


Nem precisa responder... e, para completar o dia, a aula de hoje contou com a participação de quem? Também não precisa responder, eu cumpro essa função desagradável: a gorda! Era uma aula sobre a dança do acasalamento. Mas quem disse que eu quero fazer a dança do acasalamento com ela? Fui um fiasco. Depois não me venham reclamar que não sei fazer direito... olhem com quem foi minha iniciação...


É sério, eu simplesmente não estou agüentando. Quero mandar aquele galo caquético direto para o inferno. E de preferência levando a gorda junto. E não me venham dizer que é preconceito ou algo do gênero. Não é! É pós-conceito mesmo! Queria ver alguém se encantar por qualquer um dos dois. Ou melhor, queria ver alguém ter que fazer a dança do acasalamento na presença de um dos dois


Eu ia falar que só faltava chover, mas nem isso adianta mais. Já está chovendo. E o pior, tá chovendo granizo. Juro que na hora que começou um barulho no telhado, veio um pintinho gritando: “Está chovendo granito”. Na hora eu até ri, mas agora eu acredito nele. As pedras de gelo estão tão grandes e pesadas que parece granito mesmo.


Para aumentar o meu bom humor hoje, caiu uma pedra em cima do telhado e fez um furo em cima do meu poleiro. Agora tem uma goteira infernal caindo na minha cabeça, vou ter até que mudar de lugar. Espero que tenha um lugar bom para eu dormir.


Deixa eu ver onde tem um lugar vazio... tem um ninho só com uma galinha por ali. Vou me dar bem essa noite. Passar o tempo todo grudado com uma galinha vai ser ótimo! É só fazer ela dar uma chegadinha para lá...


Ah não! É perseguição, não tem condições. Por que o último lugar para dormir é ao lado da gorda??

 

13 setembro 2008

Primeiro Selo!


Opa... esse pobre frango se sente lisongeado de receber um selo de um parceiro recente... o antologia racional me mandou e estou colocando aqui com as devidos agradecimentos!

Pelo que eu vi, eu ia ter que indicar para quinze blogs... mas vô enviar só para os meus atuais parceiros:


Tá aí para vcs!

P.S.: Depois de um tempo vasculhando, eu descobri o que signfica o selo
Com o Prêmio Dardos se reconhecem os valores que cada blogueiro mostra cada dia em seu empenho por transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, que de alguma forma demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras.

Tá, valeu =D

08 setembro 2008

Reflexões em um pseudo-feriado

Odeio essas obrigações de frango garanhão reprodutor. O pior de tudo é ter que acordar cedo em pleno domingo. E ainda por cima acompanhar aquele galo velho caquético que tem a obrigação de me ensinar as artes e os ofícios de como ser um galo de sucesso...


Nossa, isso parece até nome de livro de auto-ajuda. Pensando bem, era melhor ele escrever um livro e me mandar ler. Ia ser melhor. Por mais que eu não goste de livros de auto-ajuda, pelo menos eu não ia ter que acordar domingo de madrugada...


E ainda mais porque hoje é dia de Fórmula 1. É sagrado! Quando a corrida é de manhã, eu até faço esforço para levantar cedo para assistir. Mas se a corrida é a tarde... ah, só me acorde na hora que ela for começar...


Isso se aquele velho maldito não vier me sacudir às 3 da manhã. Conhece aquela expressão “levantar com as galinhas”? Pra mim, ela só funciona quando eu as levo para o meu poleiro e passamos a noite juntos. Caso contrário, não funciona. Mas hoje me disseram que vai ser minha função cantar para acordá-las todos os dias de manhã... Puta que pariu! Será que elas não conhecem a maravilhosa tecnologia do despertador?


Tomara que aquele velhinho perceba que estou de muito mau humor e me libere cedo. Mas com esse falatório interminável, vou sair muito tarde. Inferno... o povo está acordando só agora e eu aqui, com essas olheiras enormes de quem não dormiu direito e um humor extremamente ácido.


Vou dar uma desculpa esfarrapada qualquer e escapulir um pouco desse caquético... tô vendo uma galinha nova no galinheiro e vou lá, afinal, alguém tem que ser o garanhão reprodutor desse lugar...


Fui descendo e comecei a observar que todo mundo estava de verde-amarelo, com bandeirinhas do Brasil penduradas por todos os lugares... estranho, só tem jogo às 10 da noite, por que esse povo está assim? Ou será que a partida é agora e eu não fiquei sabendo? Droga, e aquele moribundo tentando me prender o dia inteiro. Já vou perder a corrida, mas perder o jogo já é demais...


Encontrei uma galinha amiga minha e ela veio perguntando se eu estava indo para a parada... parada? Vai ter uma parada gay e eu nem fiquei sabendo?


“Parada de Sete de Setembro”, disse ela... parei e fiquei raciocinando por um tempão, pensando: mas Sete de Setembro não é feriado? “É, hoje é feriado”!


Inferno... odeio feriado no final de semana. E esse só o primeiro de muitos nesse semestre...

27 agosto 2008

Reflexões olímpicas de um frango

Dia oito de agosto de 2008, às oito horas e oito minutos... que coisa mais brega! Foi o simbolismo mais idiota que eu vi, mas foi suficiente para a granja parar nesse dia. E quando eu falo em parar, eu não estou brincando. O granjeiro esqueceu até de dar comida pra gente, pode acreditar? COMIDA! Como ele se esquece da comida? Tudo bem que a festa de abertura estava até bonita, mas esquecer da gente já é demais...

Enquanto meu estômago roncava, reparei em uma coisa... por um acaso era a mesma pessoa que fazia todos os papéis na cerimônia? Sei lá, eu não consegui distinguir muito bem um chinês do outro. Todos são iguais... olhos puxados, pele amarela pálida que nunca tomou sol e cabelos pretos escorridos. E depois ainda falam que os frangos é que são todos iguais...

Fiquei tonto só de imaginar aquele monte de chineses com medalhas penduradas no pescoço, todos acenando... quase que sai correndo. Sério mesmo! Parecia clonagem, sei lá. São todos idênticos. E pensar que nem uma franguinha oriental bonita tinha... passei minhas noites em claro por nada.

Posso não ter dormido à noite, mas em compensação durante o dia... O problema é que meu relógio biológico ainda não voltou ao normal. Sabe aquela expressão que diz: “levantar com os frangos”? Esquece! Eu ia dormir todo dia junto com o sol nascendo e só acordava na hora de comer. Comia e dormia de novo...

E só voltava para a realidade quando ia começar mais uma madrugada olímpica. Como a granja é chique, tinha SporTV1, SporTV2, SporTV3, SporTV Premium e SporTV Mega-ultra-hiper-max-excelente. Aí eu podia ver todos os jogos... todos mesmo. Sabe aqueles esportes mais estranhos tipo “tiro deitado com carabina invertida acionada por uma cusparada a distância”? Pois é, esses eram os mais interessantes. Eu não sabia as regras e o narrador muito menos. Ficávamos eu, a televisão e o narrador... calados! Nem vi quando era decisão de medalhas. Já estava acontecendo o pódio quando eu reparei.

Mas valeu a pena trocar meus horários. Eu posso dizer que eu vi um tal de Michael Phelps competindo. Eu tenho medo dele. Parece mais um tubarão que uma pessoa. Como diria o grandioso Galvão Bueno (e eu repito, caso você não tenha entendido a ironia... grandioso Galvão Bueno): “Eu vi a história com H se escrevendo na minha frente”. Ainda bem! Se ele visse a história escrita com I ia ser estranho.

Outro esporte interessante que eu vi foi o tênis. Tá bom, tênis não é nem um pouco emocionante, mas o Rafael Nadal é simplesmente O cara. E as mulheres da ginástica artística? Que coisa impressionante. Mas o que eu mais gostei foi o futebol feminino. Não porque o Brasil levou um créu dos Estados Unidos na final, mas porque elas enfrentaram as norueguesas... ah, queria um time daqueles trabalhando aqui no galinheiro.

Nem sei para que eu citei o Brasil nessa história. Ganhou três medalhas de ouro? Bom para ele. Aliás, três medalhas inesperadas. Uma do menino nadador que eu não lembro o nome, que só ganhou o ouro porque o Phelps não competia nessa prova. Uma da Maurren Maggi no salto em distância (brilhante conquista individual, sem apoio nenhum do Brasil) e a outra foi com o amarelão time de vôlei feminino (finalmente!).

Ah, quer saber de uma coisa? Os últimos quinze dias foram bons. Não dormi direito, não fiz nada de útil, mas assisti às olimpíadas! Quer coisa melhor do que ficar a toa e ver televisão? Tudo bem que nosso país ficou atrás de Belarus no quadro de medalhas, mas como eu nem sei onde é Belarus, eu vou ficar quieto.

Agora eu tenho que voltar aos meus afazeres normais. Espero sinceramente que o granjeiro não tente me comer depois dessa quinzena a toa...

11 agosto 2008

Reflexões de uma véspera de Natal

Hoje é dia 24 de dezembro, véspera de Natal, está de noite, tudo escuro, todo mundo já está roncando e babando. Minha mãe me falou que era para deixar a janela aberta para o Papai Noel entrar no meu quarto e deixar o presente que eu pedi.
Já é quase meia noite e o Papai Noel até agora não apareceu... e por falar nele, eu acabo de lembrar que outro dia mesmo eu descobri que eu não me simpatizo muito bem com o Papai Noel. Na verdade, desde quando eu tinha quatro anos e que a tia da escolinha me mostrou pela primeira vez uma foto do Papai Noel é que eu não fui com a cara dele.
A primeira coisa que eu notei no velhote com a qual eu impliquei muito foi aquela pança! Seu nome devia ser Papai Pança, ou Noel Pança, ou até mesmo Papai Pança Noel. Quanta barriga! Que exagero! Acho que o Papai Noel devia tomar vergonha na cara e fazer no mínimo uma caminhada de vez em quando, igual a minha mãe, que há três anos faz sua caminhada matinal para tentar emagrecer. Se bem que não, fazer caminhada não é a melhor opção. Minha mãe até hoje não consegue acabar com a barriga que ela carinhosamente chama de “pneu de bicicleta”. O caso do Papai Noel é mais grave, uma caminhadazinha não iria resolver. Talvez uma redução de estômago, uma greve de fome... o que não pode é continuar assim!
E aquela barba gigante amarelecida?! Podia aparar, podar, cortar... sei lá! Aquilo é muito estranho, parece uma taturana enorme e peluda, deve até ter piolho! Quando molhada então... deve ficar com um cheiro horrível.
Outra coisa que eu lembro que me chamou a atenção foi a roupa, toda vermelha, cheia de fru-fru nas mangas e colarinho, igual a um pufe gordo e vermelho. Que breguice! E ainda por cima é um forno. Será que custa muito trocar de roupa pelo menos quando vem ao Brasil?! Colocar uma bermuda, camiseta, umas havaianas. Parece aqueles caras que gostam de sofrer, masoquista.
Além de ser um “pufe vermelho” ambulante, ainda é pobre. Fica andando de carroça de um lado para o outro, dando voltas pelo mundo. Será que ele já ouviu falar de avião? Carro? Só lá na roça que eu vejo o pessoal andando de carroça, e mesmo assim são só os pobrezinhos pindaíbas. Ele podia pelo menos trocar aquela carroça por outra melhor. Ah, claro, podia também trocar os cavalos (são cavalos? Que sejam!) por uns menos esquisitos, menos chifrudos e menos afeminados. Com tanta miséria, eu chego até a desconfiar da origem daqueles presentes... camelô?
Eu também fico pensando se o Papai Noel é tão bonzinho assim quanto dizem. Já reparei que ele escolhe as crianças que irá felicitar com seus presentes de origem duvidosa. Nunca fiquei sabendo de nenhum menino de morro ou da roça que já ganhou um presentinho sequer dele. O Pedrinho, um menino que mora lá na Favela do Cafezal, me contou uma vez que até cartinha já mandou para o Papai Noel... nem sombra de resposta ele recebeu.
Além de tudo, o velho apresenta alguns indícios de autismo. Nunca fiquei sabendo de nenhum amigo dele, colega, família. O que eu sei é que ele vive com os anões – que inclusive ouvi dizer que são cegos, surdos, mudos e mongolóides – e com os supostos cavalos chifrudo-afeminados. Sei não heim, ele e esses cavalos...
Enfim, em meio a tanta gordura, tanta pobreza, tanta breguice e tanta maldade, esse tal de Papai Noel podia aposentar, passar o cargo para uma pessoa menos problemática e tratar de entrar em uma clínica de recuperação.
Esse texto é de uma amiga minha, Juliana rocha. Como prometido, seu texto tá aqui Ju

17 julho 2008

Presente de aniversário

O aniversário de Vitinho estava se aproximando. Onze anos. Não era todo dia que alguém completava onze anos. Era com essa idade que as pessoas iam para Hogwarts. Era com essa idade que os meninos começavam a capturar Pokémons. E ele ainda acreditava veementemente que isso poderia acontecer.

Mas só a idéia de uma festa já o deixava empolgado. Pena que ele não ia poder ver nada do que iria acontecer. Ele não era capaz. Um acidente lhe tirara a visão quando ainda era apenas um bebê. Não tinha uma lembrança visual sequer. Quando se esforçava, lembrava apenas de um borrão preto. E nada mais.

Só que isso não iria impedir que ele aproveitasse ao máximo seu aniversário. Já estava tudo preparado em meados de março. Os pedidos já haviam sido feitos e Vítor sinceramente esperava que seus pais atendessem todos. Eram coisas simples, como um peão, uma pokébola, um ursinho de pelúcia novo, um videogame, um computador, um carrinho de controle remoto...

Por volta do dia 25, seu pai chegou e lhe deu uma notícia bastante inesperada:

- Vitinho, você não vai acreditar no que o seu pai encontrou.

- O que você encontrou? – perguntou o menino empolgado.

- Eu encontrei um colírio que vai resolver todos os seus problemas. Com apenas algumas gotas, ele é capaz de fazer qualquer criança cega enxergar. É a mais alta tecnologia disponível no Brasil.

- Me dá pai! Eu quero esse colírio agora!

- Calma – tranqüilizou o pai – vou pingá-lo no dia do seu aniversário, quando a família estiver toda reunida, quando todos os seus amiguinhos estiverem por aqui.

O menino saiu empolgado. Ia poder ver. Ver como era seu rosto, seu corpo. Ver se ele se parecia com seu pai ou com sua mãe. Ver o céu, as árvores, os cachorros, os patos, os leões, o Pikachu, sua professora, seus amigos, sua bengala, seus óculos escuros, as flores, enfim... tudo!

Mal podia esperar pela data simbólica. Não conseguia dormir direito. Dia 26 passou muito devagar. Dia 27 não queria passar nem com muita reza. Dia 28 custou para terminar. O garoto não conseguia mais se concentrar em suas aulas, nem mesmo assistir desenhos o empolgava.

Dia 31 chegou vagarosamente:

- Pai! Pai! Pai! É amanhã! Por favor, pinga o colírio nos meus olhos para que eu possa ver as pessoas na minha festinha.

- Calma filho. Quando o relógio apitar hoje pela última vez, vamos estar todos reunidos para ver esse momento histórico.

Bem próximo da meia noite, Vítor já estava sentado, esperando. Conseguia sentir as pessoas se aproximando e ficando ao seu redor. Eram muitos e, pelas vozes, não havia faltado ninguém. Escutava as vozes dos seus amigos, dos parentes e professores. Quanto mais rápido chegasse a hora, mais rápido ele poderia vê-los.

Piii, Piii, Piii, Piii, Piii, Piii, Piii, Piii, Piii, Piii...

Faltavam só dois apitos do relógio. Seu corpo já saltava em um frenesi desesperado.

Piii, Piii.

E o garoto sentiu algo molhado em seus olhos. O pai pediu que ele não abrisse os olhos por dez segundos. O garoto já não agüentava mais. Abriu os olhos, viu uma escuridão e ouviu um coro que dizia:

-Primeiro de abril!

12 junho 2008

Detalhes

Dois anos de namoro e já posso dizer que eu a amo. Amo loucamente, desesperadamente, com cada pedaço que existe dentro de mim. Começou com um leve interesse. Foi aumentando, virou atração, paixão, e agora eu posso gritar bem alto que ela á a mulher da minha vida!

Estávamos nos preparando para morarmos juntos. Ela já era bem resolvida, uma psicóloga em início de carreira, mas com uma vida financeira já estável. Eu estava terminando o último semestre do curso de Educação Física. Mas não foi na faculdade que nos conhecemos, e sim em um happy hour marcado por amigos em comum.

Feitas as devidas apresentações, surgiu em mim um grande interesse. E foi mútuo. Em menos de meia hora já estávamos aos beijos. E no outro dia eu liguei... isso mesmo, pela primeira vez eu ligava para a menina que eu tinha ficado na noite anterior. Ela realmente havia me marcado...

O tempo foi passando e cada dia eu me encantava mais. Ela era linda, tinha um olhar ingênuo e um sorriso que saía muito fácil. O corpo dela era perfeito, mas nem precisava de tanto. Só a personalidade dela já era suficiente para deixar qualquer homem no chão... forte, decidida, autêntica!
E eu era um babaca, daqueles que vivem enfiados em uma academia, cultivando meus belos músculos enquanto meu cérebro ia lentamente se atrofiando dentro do ambiente da faculdade. Foi ela que me despertou. Suas discussões sempre me faziam parar e pensar. Foi com ela que a faculdade começou a realmente valer a pena.

Não que não tivesse valido antes, mas agora era de um jeito diferente. Antes eu vivia nos bares, cercado por um monte de amigos bêbados (e eu me incluía nessa última categoria), comemorando por tudo. Ela me fez mudar. Comecei a aproveitar mais as aulas, porém continuava saindo com os caras, só que agora eu estava mais moderado. E eu finalmente tinha alguém para encontrar todos os dias, alguém que eu sabia que sempre estaria lá para me apoiar e me oferecer uma palavra em qualquer momento.

Ela se formou e ainda faltava um ano para que eu concluísse o curso. Nada como um leve afastamento para fazer com que meu amor aumentasse. Seis meses depois, durante uma aula, meu celular começou a tocar. Era um número estranho e eu não atendi. Esqueci de retornar e fui embora, tranqüilo, para casa. Minha namorada estava fazendo a mudança para um novo consultório, devia ser por isso que ela não havia me ligado...

Quando cheguei, meu irmão veio na minha direção desesperado. Ele me viu e começou a falar coisas sem sentido, completamente alterado. Tentei acalmá-lo, mas não consegui. Ele continuava dizendo palavras soltas como hospital, mamãe, sua namorada...

Fiz um copo de água com açúcar para ele e, aos poucos, a calma foi chegando. Ele ainda estava muito sério quando começou a me contar. E enquanto ele falava, meu mundo desabava gradativamente. Minha namorada tinha sofrido um gravíssimo acidente de carro quando estava chegando ao novo consultório. Tinham tentado me ligar mais cedo para avisar, mas não conseguiram. Então minha mãe foi até o hospital para ficar com ela.

Só consegui voltar para o meu corpo quando senti as primeiras lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Acidente grave? Hospital? Meu Deus, onde eu estive todo esse tempo que nem fui socorrê-la? Um idiota! Um completo idiota que não serve nem para atender um telefone quando ele toca...

Corri para o hospital e encontrei com minha mãe. Minha garota acabara de sair da sala de cirurgia. Tinha tudo corrido bem, mas apesar de tudo ela permanecia em coma profundo.
Quando me deixaram entrar na sala onde ela estava, quase não a reconheci em meio a tantos hematomas e desfigurações. Mas aquela cara não abandonaria nunca aquele ar de menina, ao mesmo tempo em que era doce e meigo era também extremamente forte e decidida. Ela ia sair dessa, eu tinha certeza...

Mas faz quase dois anos que ela permanece lá, sem alterações. Todos os dias eu vou vê-la. Fico lá, às vezes conversando, mas, na maioria das vezes, parado, só olhando. Todos os meus sonhos ali, deitados e inertes. Mas eu não desisto, eu simplesmente não quero fechar meus olhos, não vou cair no sono enquanto eu olho para ela, mas eu sinto muita falta! E ficar olhando para ela faz com que eu nunca esqueça nenhum detalhe daquela mulher...

23 março 2008

Relações interdisciplinares

Este sou eu, Márcio, um pobre rapaz que ama perdidamente uma garota que nem repara em mim. Sou daqueles garotos estudiosos, que todos teimam em denominar CDF. Realmente sou um, mas não tenho como evitar, está no meu sangue.


Quando estou com ela, tudo fica diferente. Ela falou comigo por duas vezes (e eu lembro-me muito bem delas). Na primeira, ela me pediu gentilmente a resposta do exercício 78 de matemática. Já na segunda, ela me ajudou a reunir o material que eu havia derrubado da minha carteira.


A beleza dessa garota deixa meu sistema nervoso bastante afetado, reagindo ao mínimo contato e deixando-me apreensivo. Eu sei muito bem que nunca possuí tal sentimento por ninguém em toda a minha vida. Quando ouço sua voz, a memória me leva às mais belas cantigas de amor, cantadas pelos trovadores.


É pura física! Os opostos se atraem, ou pelo menos tentam, desde que haja uma força de atração suficientemente forte para romper a inércia dos corpos.


É também pura química! Tudo não passa de compostos e ligações, de ácidos e bases, todos agindo ao mesmo tempo e causando um turbilhão de emoções que me deixam ansioso, nervoso, alucinado, alienado. É uma questão simples que pode ser resolvida com uma também simples regra de três, onde o meu empenho será diretamente proporcional à minha vitória (assim eu espero).


Espere um pouco que aí vem ela... passou direto, mas sei que ela conseguiu me detectar, sentado nesse canto, com a sua visão periférica. Ela passa e me deixa fora do meu juízo normal. Não raciocino direito, não elaboro problemas, nem consigo lembrar se a esquistossomose é causada por um platelminto ou se é causada por um nematelminto.


Como diria Gandhi: “Acreditar em lago e não o viver é desonesto”. Resolvi tomar uma atitude drástica. Vou falar com ela. Já está decidido. Vou falar tudo o que penso e que sinto em relação a ela.


É impossível fazer isso! Meus sistemas não estão preparados para funcionar sobre tamanha pressão. Os meus sistemas digestivo e respiratório ficam totalmente fora de controle e é melhor nem comentar sobre os meus sistemas nervoso e reprodutor.


Mas vou até lá e vou falar. Não posso ser assim tão incompetente a ponto de não conseguir fazer isso. Eu juro que irei tentar, por todo esse amor reprimido no interior da minha pobre massa encefálica e que luta incessantemente para libertar-se das correntes que o mantém como meu escravo.


E agora me encontro em um caminho totalmente bifurcado. De um lado está o meu caminho seguro, o qual eu conheço muito bem, pois se trata da minha história passada. O outro lado é o lado obscuro, representando o caminho do medo do desconhecido e do recuo diante de uma adversidade. Não sei se possuo ousadia suficiente para enfrentar este último.


Tento resolver o problema utilizando derivadas, logaritmos, limites e até mesmo por lógica. Nenhuma das alternativas me deu uma resposta concreta sobre como se deve proceder diante de tal situação.


Levanto-me! Caminho de cabeça baixa! Caio! Levanto e observo o que aconteceu. Esbarrei sem querer em minha amada e a fiz cair. Nunca pensei que a machucaria, mas esse dia chegou antes que eu pudesse prever.


Creio não ter acontecido nada e prontifico-me a ajudá-la. Nós dois saímos conversando e o assunto acabou fluindo como eu já ensaiara muitas vezes dentro da minha própria mente, já pensando em todas as possibilidades de recusa e arquitetando argumentos coerentes para rebatê-los.


Quando eu menos esperava, já estava falando sobre os meus sentimentos, expondo tudo aquilo que eu decidira guardar para sempre nas gavetas mais profundas da minha memória.
Percebi que a força de atração entre os corpos era grande, mas existia uma outra força, que era oposta ao movimento, impedindo que ela viesse parar em meus braços abertos. Ela foi muito gentil comigo e mal pude acreditar quando ela disse que pensaria no caso.


É melhor ter uma chance do que perder todas de uma só vez. Não agüentei e fui até ela para saber qual seria a resposta para o meu intrincado problema. Pela graça de Descartes que a resultante de tudo, representada no plano cartesiano, foi uma reta completamente positiva.


Ao primeiro toque, a adrenalina passava acelerada pelo meu corpo. Os olhos se fecharam e faltam-me palavras para descrever o que aconteceu depois. Faltam equações e fórmulas, perguntas e respostas. Nem Sigmund Freud é capaz de explicar o que se passou comigo naquele momento. Isso é algo que nem a ciência, com toda a sua magnitude, é capaz de explicar. Passou uma semana e eu nunca mais me encontrei com o meu ex-amor. Ela mudou-se para outro colégio. O meu referencial desapareceu e eu fiquei temporariamente desnorteado. Mas a vida continua, apesar dos infortúnios, e é melhor sempre guardar boas recordações, pois a qualquer momento um referencial pode ser tirado do seu mundo, mas você deve permanecer sempre estável, devido as suas experiências e boas recordações daqueles que se foram.

14 fevereiro 2008

Tributo aos últimos três anos

Sabe quando você está perto de concluir algum projeto de vida? Sabe quando você se dedica por anos para fazer algo e observa, com um misto de alegria e agonia, que tudo está acabando? Eu estou assim hoje. Sem rumo, sem saber para qual direção seguir quando tudo estiver finalizado. Sem chão...
Eu simplesmente não queria ver o fim. Na verdade, eu queria sim, mas vou sentir muita falta de tudo. A pressão da entrega de um relatório no momento certo, a ansiedade antes de uma apresentação importante e, de repente, tudo isso se esvai!
E o que eu vou fazer depois? Acordar de manhã e seguir minha vida normalmente? Não! Não há mais nada a ser feito. Aquela rotina, que foi seguida a risca por um bom tempo, não existe mais. Acordarei na segunda de manhã e vou pensar: o que eu tenho para fazer? Assistir televisão, ler um livro?
Chega! Se eu pudesse, voltava atrás e faria tudo de novo. Esses últimos tempos foram, na falta de uma definição melhor, perfeitos. Por mais que eu tenha passado por algumas dificuldades, tudo valeu a pena. Sério! Reclamei? Sim, e muito! Passei noites em claro, cheguei horas antes de compromissos, fiz muita reuniões para, com uma simplicidade absurda, tudo acabar.
Meus amigos... é deles que eu vou sentir mais falta. Tenho certeza que vou perder contato com a maioria deles. Alguns eu faço até questão de eliminar. Mas o meu sentimento com relação à grande maioria é outro. Fiz amigos de verdade, construí uma família. Posso dizer que agora eu escolhi de verdade os meus irmãos. Se eu pudesse, carregava todos na minha mochila, mas não dá. Cada um vai seguir o seu caminho agora... novos horizontes e perspectivas.
E espero que possamos prosseguir juntos... esses temores sempre me passam pela cabeça. Enquanto isso acontece, continuo escrevendo. E, com lágrimas nos olhos, termino esse texto, sabendo que sentirei muita saudade de tudo que vivi por aqui...

06 fevereiro 2008

Tentações e divagações de um homem casado

Sofá da minha casa, não sei que dia é hoje, 2006

Sinceramente eu não sei porque fui me casar. Minha vida mudou muito, e mudou para pior, isso você pode ter certeza. Eu vivia tão bem quando ainda não tinha sido preso na gaiola. Era só farra, diversão, mulherada, mas agora eu não posso. A Aninha fica de olho, nunca vi mulher mais ciumenta do que ela. Toda vez que eu chego em casa é um problema e, para completar, ela não me satisfaz mais na cama.

Assim fica difícil de suportar. Pensei que quando eu casasse minha vida ia se tornar mais tranqüila, com uma esposa ao meu lado, mas não! Virou um inferno. E não estou brincando. A mulher só pode ter feito um pacto com o tinhoso. Não tem condições. Mas dizem que cavalo dado não se olha os dentes, e como ela foi a única que quis casar comigo...

Hoje ela só sabe reclamar, reclamar e reclamar. Não faz mais outra coisa. Aliás, faz sim, nunca vi mulher gostar tanto de mexer na cozinha como ela. E cada vez que eu olho para ela de avental me dá um tesão, mas não posso fazer nada. Acha que eu consigo tirar ela de lá? É a coisa mais improvável do mundo. Parece que ela ama mais aquele pano de prato que os meus braços quentes e confortáveis. Aquele fogão deve ser o máximo. Um dia eu vou tentar fazer alguma coisa com o fogão, quem sabe ele me dá mais atenção.

O pior de tudo é passar nas ruas e pensar: “Nossa, que gatinha!” e não poder ir atrás dela para exercer o meu papel de reprodutor nato. Já disse e volto a repetir, não sei porque casei. O casamento é a pior coisa que o ser humano podia ter inventado. Se eu pudesse voltar no tempo, eu descobriria quem foi o infeliz que inventou essa baboseira e o colocaria em uma forca sob a acusação de perigo público.

E olha que nem escritor eu sou. Nem gostar de escrever eu gosto, mas a infeliz resolveu ir para a cama (dormir, às sete e meia da noite) e eu fiquei aqui sozinho. Tenho que me divertir com alguma coisa e achei esse pedaço de papel e uma caneta. Quem sabe isso não vai parar em alguma revista famosa? É, seria muito legal! Eu faria questão de colocar o meu nome em letras bem grandes no final do texto, só para ela saber o quanto eu a amo e a quero bem...

Maldito momento que meu pai falou para eu casar. Disse que eu já estava ficando velho e mulherengo demais, que nenhuma mulher ia me querer, que eu iria acabar ficando para titio. E o drama continuou por meses e meses até que eu conheci a Ana.

Ela era uma menina linda, no auge dos seus trinta anos. Cabelos maravilhosamente escovados e sedosos, belos olhos claros, dentes brilhantes e uma carinha de anjo.

Para que eu fui confiar na minha intuição...

A gente se casou depois de quatro meses de namoro. Foi tudo muito rápido, eu admito, mas não deu para evitar. A mulher estava fazendo jogo duro, disse que sexo era só depois do casamento e ela queria casar logo. Eu, um pobre garoto (de trinta e seis anos), completamente apaixonado, resolvi entrar no jogo dela. E esse foi o meu maior erro.

Logo na nossa tão esperada noite de núpcias, ela teve a capacidade de virar para o lado e dormir, bem na hora que nós entramos no quarto. Isso é coisa que se faça com um homem no cio? Ela me deixou na vontade e eu tive que me contentar sozinho. Foi triste ver ela dormindo no nosso leito de amor enquanto eu esperava ansioso que ela acordasse e pudéssemos, enfim, consumar nosso casamento.

Mas o primeiro susto foi quando ela finalmente despertou de seu sono profundo. Era melhor que tivesse permanecido dormindo. Meu deus, aquela foi a cena mais deprimente de toda a minha história com as mulheres. Quando ela virou para o meu lado, eu descobri porque ela queria casar tão desesperadamente.

Lembra-se de que eu disse que ela tinha cabelos maravilhosos? Esquece, era tudo obra de um belo cabeleireiro. O cabelo dela se parecia com as cerdas de uma vassoura piaçava. Os olhos eram lentes de contato, ela tinha um dente meio podre e aquela carinha de anjo era pura enganação. As primeiras palavras que ela me disse foram: “Cadê meu café?”.

E aí começou meu suplício. A mulher foi, e ainda é, insuportável. Ela consegue me atormentar pela manhã, pela tarde e principalmente à noite. Nunca pensei que iria ouvir tantas desculpa esfarrapadas diferentes para uma mulher não fazer sexo com o marido. Ouvi de tudo, desde o tradicional “ai amor, eu tô com dor de cabeça” até “o padre me proibiu de fazer qualquer coisa com você essa noite, eu vou entrar em quarentena pelas almas carente do Tibet”.

E que raios o Tibet tinha a ver com a historia? Eu moro é no Brasil, país tropical, as pessoas são mais afetivas, mais calientes. É tudo uma questão de gosto. Tem mulheres para todos os estilos de homens. Tem altas e baixas, brancas, morenas e mulatas, loiras, morenas e ruivas, magrinhas, gordinhas e gordonas, tímidas, fogosas e dançarinas de funk, católicas, protestantes e adeptas do pecado. Tem para todo mundo e todos ficam satisfeitos.

Menos eu, que casei com a mulher errada. Eu consigo contar nos dedos das mãos quantas vezes nós fomos para a cama nesses seis meses de casamento. Ou melhor, eu posso contar nos dedos da minha mão esquerda. E eu acabo ficando louco, louco de desejo acumulado. Isso não se faz com ninguém, mesmo que a pessoa tenha pregado chiclete na cruz e depois jogado uma pedrinha.

E eu acabo tendo que me satisfazer em outros lugares, como o banheiro, por exemplo, já que nenhuma outra mulher quer saber de mim. Eu não sei o que acontece, mas acho que é por causa da aliança que resolver grudar no meu dedo. Pois é, tinha esquecido de comentar esse pequeno incidente. A aliança que nós compramos para o casamento ficou pequena demais para o meu dedo (claro que tinha que ficar, foi ela que comprou. Aposto que fez de propósito). Ela cismou que tinha que colocá-la de qualquer jeito, e acabou colocando. Só que agora ela não quer sair mais.

Esse anelzinho dourado vagabundo é um repelente de mulher. Parece que elas se afastam apenas com o brilho que ele emana. É incrível! Por mais que eu tente, eu não consegui arrumar nenhuma mulher nesses últimos meses. Estou começando a achar que o problema é comigo, que eu estou perdendo aquele jeito malandro que só o brasileiro tem para pegar mulher. Tudo bem que eu não sou mais um jovem de vinte anos (e como eu era bonitão, ainda sou, mas eu já fui melhor), mas ainda tenho fôlego para várias de uma só vez.

O pior de tudo é ter que conviver com o meu emprego. Sou enfermeiro. E você não sabe o quanto me deixa louco uma mulher vestida com aquele jaleco de médico, com aquela cruz colorida no chapéu. Mas ela tem que estar vestida só com o jaleco, mais nada por baixo. Nossa! Você não sabe como eu estou enquanto escrevo isso.

Olho para a minha esposa deitada na cama e fico esperando, na iminência de que ela acorde e venha satisfazer essa minha fantasia. Mas é melhor eu acordar. O dia que ela fizer isso, eu posso pular no meio de uma avenida movimentada. Tudo não passa de um sonho. Aliás, com ela tudo não passou de um sonho. A única coisa que eu posso fazer é sentar aqui na sala e imaginar. Imaginar aquelas coxas maravilhosas em contato com a minha pela. Aqueles dois corpos convertidos em um só por um momento de puro prazer.

É mais fácil isso ocorrer com a faxineira do hospital do que com a minha esposa. Pensando bem, até que a faxineira não é de se jogar fora. Desprezando aquela cara de cachorro pequinês, aquele jeito de andar que parece um pato e aquela barriga meio saliente, eu acho que eu até toparia ir para o armário de vassouras com ela. Seria melhor do que tudo que já rolou na minha cama até hoje.

Não, pára com isso! A faxineira não, mas quem sabe com aquela paciente do 307? Ela é muito bonita e acho que dá bola para mim. Será que eu entro no quarto dela despistadamente para medir a pressão e fico lá para aproveitar um pouco da situação? Deixa eu pensar... qual o problema de saúde que ela tem? Nossa, nem isso me ajuda. Ela tem uma cirurgia marcada para amanhã, para mexer no coração. Será que nem para isso eu dou sorte? Nem para pegar uma inválida na cama eu sirvo? Se ela morrer a culpa vai cair em cima de mim. Vão me descobrir e eu estou perdido.

Pensando melhor, ela tem uma filha que tem cara de safadinha. Qual era mesmo o nome dela?

Sabrina. Isso! Era Sabrina o nome da infeliz! Ela sim daria um bom aperitivo antes da mãe. É novinha, deve estar aprendendo agora. É ela mesma! Amanhã eu vou falar com ela. Que a dona Flávia me espere para a consulta, mas eu vou ter que atrasar. Tenho coisas mais importantes para fazer.

Por falar nisso, já são quase dez horas da noite e a Ana até agora não mexeu no seu lado da cama. Será que ela morreu? Não, seria bom demais se isso acontecesse. Eu ia ficar viúvo e metade, ou melhor, todos os meus problemas iriam acabar. Minha vida ia melhorar, eu ia poder pegar a Sabrina sem peso na consciência.

Ia ser mais fácil. Só teria o trabalho de colocar a defunta no caixão e partiria para a gandaia. Eu ia voltar aos meus tempos áureos, onde eu ficava com seis na mesma noite e ainda levava duas para a cama. Eu era quase um animal. Acho que ainda sou, só está faltando um pouquinho de treino, mas isso se resolve facilmente. Preciso apenas de uma companhia.

Nossa, fiquei escrevendo por tanto tempo que acabei ficando com fome. Vou levar este papel para a cozinha. Depois essa louca acorda e vê o que eu escrevi. Se bem que ia ser uma coisa boa. Ela pediria o divórcio e me deixaria em paz. Pensando melhor, a cachorra é tão sacana que acabaria me deixando casado com ela só para ter o gostinho de me fazer sofrer.

Bem que ela podia levantar e fazer alguma coisa para eu comer. Para isso ela serve, e muito bem. Aquele ravióli maravilhoso, que só ela sabe fazer, me deixa com água na boca. E aquela lasanha então, meu Deus, é quase um banquete dos céus.

Será que ela deixou alguma coisa na geladeira?

Hum, torta de frango com bacon! Que delícia! Como ela cozinha bem. É uma mulher abençoada mesmo. Para ter mãos de fada para a cozinha só pode ser abençoada. É por isso que eu amo essa mulher. E ainda perguntam porque eu ainda estou casado depois de tanto tempo aturando aquela figura.

Eu nunca consigo responder, mas sempre me vem á cabeça um momento de surpresa. Ele ainda não veio, mas a esperança é a última que morre. Quem sabe um dia ela faça algo que me agrade. É só esperar e conferir o resultado, mas espero que eu não me arrependa depois.

Agora eu vou voltar para o quarto porque já estou alimentado (em partes) e é melhor dormir um pouco...

Mas, espere um pouco. Será que o que eu vejo é verdade? Minha mulher saiu da cama e... meu Deus!  

Desculpa caderno, mas me dê licença pois eu acho que vi uma bela enfermeira só de jaleco e calcinha vermelha, pronta para ser consumida pelo desejo armazenado.

27 janeiro 2008

Reflexões de um frango

Milho. Por que sempre nos dão essa coisa para comer? Nunca vi comida pior. É um troço amarelo, duro, sem sal e com gosto estranho. Deve ser por isso que eu estou emagrecendo.

Graças a Deus que isso está acontecendo, mas eu acho que estou ficando anoréxico... aquele pneuzinho que está sobressalente tem que sumir. Meus amigos me dizem que eu estou em forma, mas a minha barriga tem que ficar de tanquinho. É para isso que eu tô malhando.

Para isso e para ver aquela franguinha gostosa fazendo abdominais, malhando as coxas, as asas, aquela bundinha... nossa! Ela me deixa completamente louco! Quando coloca aquela calça coladinha então? Minhas penas ficam todas eriçadas.

Só que eu tenho que tomar cuidado. Se eriçar demais, as penas começam a cair. É a idade chegando. Tô quase virando um galo, mas a calvície resolveu aparecer mais cedo para me atormentar. E se eu ficar igual àqueles frangos horrorosos de pescoço pelado? Nem cogito essa idéia.

Eles são muito feios. Não sei como fazem para conseguir as melhores frangas da granja. Se eu fosse o dono desse lugar, eu ia comer todos de uma só vez. Deve ser mais fácil para depenar. Eles têm menos penas...

Eles só devem conquistar todas por causa do excesso de testosterona. Aliás, frango tem testosterona? É, imagine só: um frangão bombado, com a minha tão sonhada barriga de tanque e aquele monte de galinhas ao seu redor.

E eu aqui, virgem. Vai ver porque ainda sou um frango. Mas já tive muitas oportunidades. Só que eu franguei. Irônico, não é? Eu que fui criado para ser o garanhão reprodutor da granja... na verdade, eu acho que esse é um termo para cavalos, mas deixa para lá.

Um das vezes foi quando eu estava tranqüilamente empoleirado no pé de goiaba e ela passou se insinuando. Levantou as penas da perna e mostrou aquela calcinha vermelha de renda, que servia apenas para dar uma cor ao material, de tão transparente que era.

Na primeira bobeada dela eu saí pela tangente. Aquela safada não me merecia... tudo bem, eu franguei mesmo, não agüentei toda aquela pressão. É melhor fugir que broxar. É ou não é? Fere menos o moral.

Mas acho que eu estou estranho por causa desse calor que está fazendo. Dizem que é por causa do aquecimento global. Aliás, não se fala em outra coisa no momento. Já está ficando chato: “As calotas polares estão derretendo”, “O mar vai invadir ilhas no Pacífico”. E daí? Isso é realmente um saco.

O pior são as medida que o granjeiro tomou para diminuir a emissão de dióxido de carbono na atmosfera. Olha, falei até bonito! É o efeito “Informações inúteis em excesso”. O mais revoltante é que eles proibiram o banho quente. Imaginem só, proibir o banho quente só porque ele era aquecido pela queima do carvão? Assim não dá! Vou ter que ligar para o IBAMA.

É, não seria má idéia. Será que os caras do IBAMA me levam para um lugar melhor? Um lugar onde existam galinhas selvagens (adoro as selvagens) e onde haja sombra para eu ficar deitado o dia inteiro.

É o meu sonho! Passar o dia inteiro deitado. Ser o “garanhão reprodutor” tem lá os seus defeitos. Nós temos que passar por um treinamento rígido e forçado. Forçado mesmo! Uma vez tive que cantar uma galinha gorda, cheia de celulite. E ela pensa até hoje que eu gosto dela...

Celulite não dá! Eu sei que todas as galinhas têm, mas não custa nada fazer uma massagem linfática ou algo do gênero para diminuir um pouco. Ia ser melhor e elas não tivessem. Como isso é impossível, eu me contento com as que têm pouco.

Se bem que não estou muito apto a ficar escolhendo. A primeira que passar eu vou ter que... que... é melhor não falar nada. Aí vem a gorda com celulite.

Ufa! Ainda bem que ela passou direto. Não estava nem um pouco a fim de falar com ela. Tomara que ela vire uma torta... brincadeira! Espero mesmo é que se vire frango com quiabo, ou melhor, galinha com quiabo. E, com aquele tanto de banha e celulite, o quiabo ia ficar mais babento do que o normal.

E dizem que a dona da granja cozinha muito bem. Eu é que não quero experimentar. Quando algum ser vivo entra naquela cozinha, sai de lá mais morto que... mais morto que... um frango decapitado.

Isso mesmo, como um frango decapitado! Pensando bem, quando cortam a cabeça de um frango, ele permanece vivo? Pelo menos essa é a lenda. Mas nunca nenhum frango sem cabeça voltou para contar como é a vida após a decapitação.

Pensando melhor, será que existe vida após a panela de barro? Vida de frango é tudo igual. A gente sai do ovo, vira pintinho, cresce, come, engorda, faz mais pintinhos e depois é comido. É uma emoção a cada dia. Você pode ser escolhido a qualquer hora e nem tem tempo para se despedir de sua família. É quase uma roleta-russa. O primeiro pescoço que parar diante da faca sente ela sendo enfiada.

E eu já vi isso acontecendo muitas vezes. Espero que quando chegar a minha vez seja bem rápido e indolor. Mas receber uma facada deve doer muito. Deve ser melhor ser eletrocutado.

Pois é, que tragam a cadeira elétrica para cá. E a primeira a ser queimada vai ser a gorda com celulite. Olha só, ela é muito cara de pau. Ela está voltando, rebolando aquela camada adiposa que ela insiste em chamar de bunda.

Argh! Ela piscou para mim. Não vou nem dormir essa noite. Ela é um terror. Até esqueci o que estava falando. Aliás, onde eu estava mesmo? Ah, é claro... Milho. Por que sempre nos dão essa coisa para comer?

13 janeiro 2008

Resoluções de fim de ano

Tédio, 31 de dezembro de um ano qualquer

Todo final de ano é a mesma coisa. A família inteira resolve aparecer aqui em casa, todo mundo se reúne de baixo de uma árvore e comemoram o Natal. E, menos de uma semana depois, todo mundo aparece de novo para soltar fogos e celebrara a entrada do próximo ano... que chatice!

Eu admito que eu era um dos primeiros a correr para arrumar a mesa para a ceia, um dos primeiros a correr até o pinheiro para receber. Mas esse ano está tudo muito estranho. Aliás, eu estou estranho. Sem clima para festas, se é que alguém me entende.

Os parentes estão todos lá fora, assando um churrasco, esperando ansiosamente a chegada da meia noite para, juntos, celebrarem uma nova era... falsidade. Eles se abraçam e desejam os “mais sinceros” votos de paz e felicidade.

E isso tudo com a simples esperança de que a mudança de um dia para o outro possa alterar suas vidas. “Tudo vai ser diferente nesse ano que está chegando”, dizem eles. Até parece! Um dia depois, todos vão voltar para suas rotinas medíocres, para as suas vidinhas sem graça, repletas de promessas de fim de ano que nunca serão cumpridas. “Vou emagrecer”. “Vou começar a malhar”. “Vou arrumar um bom partido”... hipocrisia pura.

Prefiro me isolar em meu quarto. Não há como compactuar com tamanha felicidade sem sentido. Não consigo sorrir, por exemplo, para minha prima que, há apenas dois meses, divorciou-se do marido só porque ele perdeu o emprego. Não consigo sorrir para aquele tio que espancou meu primo porque estava bêbado. E estão todos festejando, como se nada tivesse acontecido.

Em que vez de ficar comendo carne, todos deviam parar e refletir sobre o ano que passou. No que fizeram. Na imagem que passaram. Nas pessoas que magoaram. Naqueles em que pisaram para atingir seus objetivos fúteis e egoístas. Não, eu não fui nenhum santo no ano que está acabando. Matei, menti, destruí amizades e sonhos... e acabei com minha vida!

E é por isso que eu estou aqui refletindo. Se a famosa lista dos bonzinhos existisse, tenho certeza que eu não receberia presentes. Talvez esse tenha sido o pior ano de todos, o pior! Desgraças em série, escolhas erradas, falsas amizades e pessoas querendo passar a perna em outras.

Matei... por vingança. Ele tirou a vida da garota que eu amava. Sem explicações. Quatro tiros na cabeça... fiz o mesmo com ele.

Menti. Menti para livrar a minha cara das garras da polícia, que estava atrás de mim por esse crime.

Destruí amizades. Entreguei mus amigos em meu lugar. Era a coisa mais fácil a ser feita. A história foi meticulosamente ensaiada. Havia um papel de honra para todos eles. Foram presos, torturados e mortos na prisão.

Destruí sonhos. Muitas famílias vão passar o pior final de ano de suas vidas por minha causa. Não vou dizer que fiz tudo sem pensar porque seria a maior mentira de uma série de muitas. Pensei, calculei cada passo que eu ia dar. Nunca andei com uma venda. Estava tudo arranjado.

Não pense que não me arrependo! É por isso que estou aqui. Escrevendo para desabafar sobre as atrocidades que eu cometi. Sentindo o maior peso no coração que eu jamais senti. Meus sentimentos giram e colidem dentro da minha cabeça...

Eu simplesmente não vou mais agüentar. Esta carta é destinada para aquele parente festeiro que, por um acaso qualquer, entre nesse quarto e encontre meu corpo. Quero que saiba que essa coisa que jaz estática no chão é um homem fraco, que não soube enfrentar seus problemas e, no fim, resolveu optar pelo caminho mais simples...

Enquanto isso, eu fico aqui sentado. Sentado, olhando para o frasco de veneno que vai me levar para longe daqui. Para longe desse mundo..

Desculpem por tudo!